Uma das perguntas mais freqüentes no consultório de infertilidade e na nossa web é: “É possível determinar o sexo do bebê pelo dia em que acontece a relação sexual que irá gerar esse bebê?”
Essa não é uma pergunta boba. Ela está baseada no conhecimento geral de que os espermatozóides que carregam o cromossomo Y seriam mais rápidos e sobreviveriam menos do que aqueles que carregam o cromossomo X.
Com base nesta premissa, sugere-se que tendo uma relação sexual muito próxima do momento ovulatório, haveria um predomínio de espermatozóides Y na região ampular da tuba, onde geralmente acontece a fertilização do óvulo. Os espermatozóides Y estariam esperando pela chegada do óvulo, já que os espermatozóides X ainda não teriam chegado até à tuba devido à sua “lentidão”, aumentando as chances de ocorrer geração de um embrião masculino.
Se o objetivo fosse obter um embrião feminino, deveríamos ter uma relação sexual dias antes do momento ovulatório. Desta maneira, os espermatozóides Y que chegaram primeiro na região ampular da tuba, já teriam “morrido”, e só permaneceriam aqueles que sobrevivem por mais tempo, isto é, os espermatozóides X, aumentando a chance de um bebê feminino.
Lamentavelmente, esta teoria toda não passa de uma inverdade. Um belo trabalho de Wilcox et al. (1995), mais conhecido por determinar a probabilidade de obter-se uma gravidez nos dias anteriores à ovulação, revela dados muito ricos a esse respeito.
Usando os dados obtidos de 221 mulheres que tiveram relações sexuais programadas e anotadas, que logo foram datadas segundo os dias anteriores ou posteriores à ovulação, que foi determinada através de exames hormonais de metabólitos de estradiol e progesterona.
As informações deste trabalho são muito claras em mostrar que o dia da relação sexual, relativo à ovulação, em nada influência o sexo do bebê gerado deste coito.
Estes dados servirão de substrato para que todos nós possamos orientar adequadamente as nossas pacientes a este respeito.
O gráfico de barras obtido a partir deste estudo mostra claramente que não há nenhuma relação entre o dia do ciclo da relação sexual e o sexo do bebê gerado por esta relação.
Pode-se observar que para qualquer dia da relação sexual considerando o dia da ovulação a percentagem de bebês masculinos e femininos é similar. Não há diferenças estatisticamente significativas.
Estes dados servirão de substrato para que todos nós possamos orientar adequadamente as nossas pacientes a este respeito.
Referencias Bibliográficas:
Wilcox AJ, Weinberg CR, Baird DD. N Engl J Med. 1995 Dec 7;333(23):1517-21.