Síndrome do Folículo Vazio

A Síndrome do Folículo Vazio (SFV) provoca extremo estresse, tanto em pacientes como em médicos e ocorre em tratamentos de fertilização in vitro (FIV) no qual há o desenvolvimento normal de folículos e hormônios normais durante a estimulação ovariana. Após o trigger com hCG ou agonista de GnRH, a aspiração folicular resulta na ausência total de oócitos recuperados.

Está descrito que a SFV incide entre 0,6 – 7% dos ciclos de tratamento e pode acontecer em qualquer idade, com mais frequência em idade avançada. Existem dois tipos: O primeiro é conhecido como falsa SFV.  Está relacionada a falha ou falta do trigger, por não ter sido bem realizada ou por falha do medicamento utilizado. O segundo caso é a verdadeira SFV, em que os níveis de hCG são maiores de 40IU/L e que tem etiologia desconhecida. As várias hipóteses levantadas são todas relacionadas a erros intrínsecos do ovário, dentre elas: apoptose prematura dos oócitos; defeitos funcionais das células da granulosa; adesão exagerada do completo cúmulos à parede do folículo; tempo inadequado do trigger de ovulação.

Entenda a fisiologia

Durante o desenvolvimento folicular, o oócito em crescimento está envolto por uma nuvem de células do cúmulos, que estão aderidas fortemente entre si e à parede do folículo e, consequentemente, o oócito encontra-se fortemente aderido à parede folicular. O pico de LH fisiológico no meio do ciclo – que pode ser mimetizado pelo uso de hCG ou provocar pico de LH com uso de agonista de GnRH – promove, entre outras coisas, a ruptura das junções intercelulares do cúmulos entre si e com a parede do folículo, permitindo que o complexo cúmulos-oócito flutue livre no líquido folicular, de onde poderá ser aspirado num tratamento de FIV.

Assim, o pico final de LH, simulado pelo hCG ou desencadeado pelo análogo de GnRH, é um passo fundamental da estimulação ovariana. Sem este, o complexo cúmulos-oócito não se solta da parede folicular e não poderá ser recuperado numa aspiração folicular durante tratamento de FIV.

Até a data não existem formas de predizer a ocorrência de SFV. Pacientes que tiveram SFV num ciclo e repetiram o tratamento de estimulação de forma idêntica tiveram recuperação de oócitos em 86% das vezes. Uma forma de prevenir a falsa SFV é colher uma amostra de sangue para avaliar níveis de LH ou hCG. Caso estejam abaixo do esperado, a aspiração folicular deve ser abortada, o trigger deve ser refeito, adiando a aspiração folicular em 36 horas. Os resultados deste tratamento de resgate são controversos.

Referências:

Prasad R. Lele et al. Characteristics of Empty Follicular Syndrome during In vitro Fertilization Embryo Transfer and its Association with Various Etiologies in Comparatively Young Patients.

J Hum Reprod Sci. 2020 Jan-Mar; 13(1): 51–55.

Alberto Revelli et al. Empty follicle syndrome revisited: definition, incidence, aetiology, early diagnosis and treatment. Reprod Biomed Online. 2017 Aug;35(2):132-138.